quarta-feira, 8 de julho de 2009

Metade Cor... Metade Palavras!

Um dia ao passar de autocarro nos aliados vi esta exposição, que hoje percebi que são peças que vão ser leiloadas. Quando a vi da janela do autocarro, entre todas as cabeças que tinha á minha frente até á janela, tive vontade de ver o que se passava ali. Afinal, estavam imensos bonecos decorados de formas maravilhosas. Como estava sem tempo, e sem máquina, resolvi que deixaria isso para o dia seguinte. E o dia seguinte foi exactamente hoje. Com a máquina na mão, os phones nos ouvidos, e o telemóvel sempre a tremer, fui visitando e tentando perceber o que se passava. Parecia uma turista admirada no Centro do Porto. Mas isso não me apoquentou! Tinha resolvido que iria passar a minha hora de almoço a ver a exposição que estava nos Aliados, e foi o que fiz. Entre dezenas de bonecos, resolvi que haveria de encontrar um que se parecesse comigo. Um, que fosse uma espécie de caricatura ou amostra do que eu sou! E, lá para o meio encontrei-o mesmo! Uma estatueta, com silhueta de homem, era metade cor, metade palavras! Rapidamente nutri um gosto especial por aquele! Era diferente dos outros. Não foi só este que achei bonito. Encontrei muitas esculturas que gostei. Mas este, fez-me ficar mais tempo a observá-lo! Naquele instante em que estava frente a frente a ele, senti que era o meu reflexo! Um gosto indeterminado e sem registo de nascimento por palavras! Sim! Metade dele eram palavras! Exactamente como eu! Metade de mim, é o que sinto, o que expresso com palavras. Talvez, algumas vezes não consiga transmitir a dor, a alegria que sinto… se calhar há sentimentos que se provam melhor com um sorriso, uma lágrima, um beijo, um carinho! Não sei! Para mim, provo as palavras. Escrevo os meus segredos, os meus sonhos formam-se com palavras, os meus desejos, também os passo para o papel, as minhas ambições, passo-as a caneta. Tudo se transforma em tinta no papel. Era mesmo o que estava a ver á minha frente. Nunca tinha tido uma percepção tão básica e primitiva de mim! Mas, afinal, em resumo, eu era como a estatueta. Metade de mim é cor. A outra metade são as palavras. E, as duas metades de mim, misturam-se! Porque, consigo traduzir alegria com a minha parte colorida, e com as minhas palavras! Sou uma mistura indefinida! Como o boneco! Só nos distinguia uma coisa. Eu vivo, ele é um objecto! Tenho pena! Íamos dar-nos bem! Mas pronto. Tudo bem… eu sou assim, e o boneco, mesmo sem a sua criação ter nada a ver comigo, revejo-me nele! Aqui está o meu reflexo…

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