sexta-feira, 29 de outubro de 2010

pai


Se olhasse no fundo do mar, percebia que na linha de horizonte estás tu. Por mais que tente lá chegar sinto uma impotência difícil de controlar. O meu olhar fica preso aqui em terra, enquanto me proteges lá de longe. Tenho saudades de quando estavas do meu lado do horizonte, aqui perto de mim! Impossível eu sei. Tento chegar-te, mas não consigo. A tua falta deixa-me descontrolada... é difícil ter alguém tão presente e depois tão ausente. Por tanto tempo. Dias após dias, momentos que não estiveste por perto, alturas que não estavas para conversar comigo. Não me deste mais beijos para adormecer! Não te culpo. Fizeste sempre de tudo para continuares aqui junto de nós. Mas é tão difícil enfrentar esta ideia de “para sempre” que nos é imposta quando vais para o outro lado do horizonte. Sim! Tento chegar-te. Procuro-te no ar, olho as tuas fotografias. Ainda assim sei que estás do outro lado da margem. A margem que eu não chego! Não penses, nunca penses que me zango contigo por não teres acompanhado o resto da minha vida, ou por não estares por perto fisicamente. Tu és o melhor do mundo. O meu orgulho em ti é enorme. Ainda bem que sou tua filha. Isto que sinto é saudade. São nervos de não poder controlar algumas coisas à minha volta. São lágrimas de saudades. São vontades de ouvir a tua voz, de ver a tua cara, de receber um beijo teu antes de dormir. Eu não consigo controlar estas saudades imensas que me perseguem em todo o lado. Só te queria aqui. Só isso. Mas não pode ser... não posso voltar atrás, não tenho o poder de fazer renascer pessoas, e, sobretudo não consigo chegar-te do outro lado do horizonte. Eu sei que estás junto a mim... só que não te consigo encontrar, sentir! Esta sensação irrita-me... saudades que não posso resolver! Gosto muito de ti, juro.

sábado, 9 de outubro de 2010

amar assim, desta maneira!


Chovia. Tão forte estava o temporal, que me aterrorizava, ainda que só pela janela. Faltavas aqui tu, a tua força distinta, para me proteger. Sou vulnerável, tanto quanto quando nasci. Estou desprotegida, como se saísse hoje da barriga da minha mãe. Nunca to demonstrei, para que não percebesses a fraca que sou. Mas, na verdade, sou medrosa, e tenho pânico de perder os que gosto. Podia ter medo de animais ferozes, de pessoas más… podia ter medo da água, ou de adormecer e não acordar! Não. Não tenho medo disso. Tenho um medo muito maior. Perder as pessoas que gosto. Perder quem está guardado no meu coração. Se fechar os olhos, e estiver no escuro, vejo o teu sorriso. Vejo o brilho dos teus olhos de felicidade. Se pensar em ti, recordo todos os tempos que viveste presente na minha vida. Recordo o teu cheiro, a tua roupa. Recordo-te na praia, no jardim, no carro. Recordo-te em todo o lado, simplesmente por não estares presente fisicamente, és omnipresente. Sinto a falta de aparares o meu choro, e perguntares sobre a minha felicidade. Sinto simplesmente a tua falta. Queria-te aqui comigo. Amo-te desta forma, como só sabe uma filha amar um pai.

amor


Se os cabelos louros e rebeldes me chegassem mais perto… conseguiria identificar aquele perfume que ajudou a acalorar o ambiente tantas outras vezes. Agora não. Permites-me que te veja apenas da janela, como se fosses mais uma no meio de uma sociedade. Aos olhos de outro qualquer, podes ser, aos meus não! És especial. Se conseguisse fazer relembrar de todo o nosso passado juntos… talvez me acalmasse! Mas não. Tu cercas-me. Estás em todo o lado. Vejo-te como uma sombra minha. Ainda assim, não me deixas tocar-te… nem só estar por perto. Convidei-te para um café, numa madrugada de inverno qualquer, em que caminhavas para o escritório. Negaste. Desde aí negas tudo que venha de mim. Se fiz alguma coisa… conta-me. Conta-me o quê, não sei. Sinto-me atordoado sem a tua presença. No dia que te pedi presença ao pequeno-almoço e ma negaste, percebi que nada mais havia a perder. Porque tu, já estavas perdida. Sim! É verdade. Continuo a amar-te… tal e qual como antes. Desta forma verdadeira e insegura! Amar alguém que se coloca no topo, e pensar “eu não sirvo”. Que loucura é esta… o amor?!
João

Não é loucura! Desde cedo que me ensinaram que o amor era uma arma poderosíssima… que tanto podia estar contra nós; como a favor. É difícil explicar como acontece, como se transforma, como envolve as pessoas. Se te recordasses a primeira vez que nos beijamos, na relva do jardim, percebias que nada morreu… apenas mudou! Não quero deixar-te. Apagar-te subitamente da minha vida. Não quero perder-te. Quero apenas ser eu… e de certa forma não mo permitiste nunca. Tenho saudades tuas… como tenho saudades dos teus beijos, de te ter comigo, na minha cama. Amo-te como se fosses meu. Mas afinal, que loucura é esta?
Rita