segunda-feira, 28 de junho de 2010

Para mim, sim é! É difícil perceber…


Não tem força, não tem pensamentos, nem sequer tem existência própria! Não tem poder para comandar todo um mundo em seu sentido! Passa por todas as frinchas que possam existir, e voa… voa, tanto nos bons como nos maus momentos! É ele que dirige o sonho do passado e a insegurança do futuro. Sem que lhe dê permissão, comanda o meu dia, estabelece a ordem das coisas, faz-me ansiar momentos, perturba-me quando muitas vezes não passa… sim! Para mim, sim é! É difícil perceber…

Não é apenas difícil… mas quase impossível! Nem nos dá autonomia de voltar atrás… ou de prever o que se segue! E se agora temos tudo, no minuto seguinte, pode ser tudo névoa que vai desaparecendo com o nascer de um novo dia. O tempo… sim, é essa a razão do meu mal estar… dirigida por ele. Mesmo que não queira. Mesmo que me recuse a fazer parte duma sociedade apenas por não me deixar controlar pelo tempo, ele continua bem nos espaços que deixo livres. Á minha margem, ao meu lado! Como com uma corrente, em que a chave foi engolida pelo poderoso mar, e jamais se poderá reavê-la!

Foi o tempo o causador de toda esta infelicidade que me rodeia. Foi o tempo que não me deixou voltar atrás para estar com as pessoas que gosto. Foi o tempo que não me deixou prever o futuro para não sofrer. Foi o tempo que passou rápido o presente, mesmo quando eu estava com alguém que amo… e no final, ainda será o tempo que me levará daqui!!! Quando eu já estiver cá há muito tempo…

Mas, para mim, o mais imperceptível é a questão de tudo mudar em segundos. Em apenas um pestanejar eu posso perder tudo. Será esse mais um enigma da vivência do homem?


terça-feira, 15 de junho de 2010

PORTO PAUSA

"Eu não tenho filosofia: tenho sentidos" Alberto Caeiro


Ao interpretar um verso de Alberto Cairo, apercebi-me da sua razão! Agora consigo entender porque é que a felicidade é uma meta tão difícil de alcançar… “Eu não tenho filosofia: tenho sentidos!” Esta frase transforma o homem num animal como todos os outros, apagando a característica que os distingue: o pensar. E, lendo e relendo a frase, encontro a explicação para a procura incessante da felicidade por parte de milhares de pessoas, sem a conseguir atingir… o pensamento é a maior entrave quando se pretende alcançar a felicidade. E ninguém, nenhuma pessoa, nenhum ser com características humanas está livre deste tormento, que persegue todos os animais racionais para todo o lado. É indescritível esta capacidade que distingue o Homem dos outros seres vivos. Para tudo que se faz, pensa-se! E, os animais ou as plantas sobrevivem sem pensar… e ao fazê-lo vivem de felicidade pois não conhecem outro caminho para chamar de infelicidade. É confuso! Mas é assim. Se eu não tiver duas opções, não sei se vivo em felicidade ou não. Principalmente, se eu não pensar, não sei o que sinto! Logo, sinto-me bem! Estou a pensar quando olho para uma árvore, quando vejo o mar, quando observo um pássaro. Estou a pensar quando dou um beijo, quando sonho, ou quando ando de bicicleta. Estou a pensar, mesmo quando estou perdida na estrada, viajo de barco ou corro para aliviar o stress. Estou a pensar quando ouço música, quando canto ou danço! Estou a pensar para ver televisão, acender a luz ou cozinhar! É um pesadelo. Muito pior que a nossa própria sombra… é este pensamento que não me deixa escolher e decidir em paz… se não fosse o pensar, eu não demorava tanto tempo a decidir, a tomar medidas… estava agora relaxada, com a cabeça concentrada no vazio, a descansar! Difícil não é!!! Pois, não pensar é impossível. E quem diz que o consegue – mente! “Pensar incomoda como andar à chuva” – Alberto Caeiro.