segunda-feira, 28 de março de 2011

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Mais vale frio, que crescer só. Uma lua ladeada de gotas de suor de um planeta que está cansado das tormentas humanas. Se fosse árvore cansava-me de respirar e simplesmente tombava como se estivesse perdida. O mar percorre sem piedade ou pudor todo o mundo, sem mostrar nada a ninguém! Quando se irrita ou enerva, fujo dele como se fosse uma força desleal. A relva é fresca, pela chuva exausta que cai! Pelo cansaço que se passeou por cima dela, ontem! Senti a areia chegar a mim, pelos pés. Agitei-os, ainda com medo da lua, das gotas e do mar. Grandes torres perdidas, uma selva de sensações, é tudo diferente do que um dia foi! Beijo a palma da mão como se fosse o céu! E olho a bravura do mar, como se fosse um salvador! Tentar explicar? Tudo é complexo demais para conseguir transparecer os conceitos reais ou verdadeiros. Opto por me deixar olhar toda a estranheza que me rodeia, e que muitas vezes me faz sentir fora daqui. Porque simplesmente as forças da natureza têm poderes irreais, dos quais tenho bastante medo! Serão castigos? É apenas o mundo em mudança.

segunda-feira, 14 de março de 2011

parabéns pai

Sinto a tua falta. O teu jeito. O teu cheiro. O teu rosto! Continuo a ter-te aqui, perto de mim, dentro de mim! És não só o meu pai, como também és e estás em tudo em mim! Não vou mentir. É verdade sim que a tua presença física mudava todo o percurso da minha vida. Não era quem sou. Não tinha feito coisas que fiz. Apesar de não seres culpado... fazes-me falta em tudo. Fazes-me falta quando estou muito feliz e quero partilhar contigo, ou quando estou triste. Fazes-me falta quando vou dormir ou para passear. Fazes-me falta para me dar um beijinho ou para partilhar um chocolate a ver televisão! Mas esta dor que sinto em mim é tão forte e intensa por não poder fazer coisas de pais e filhos, que só me consigo perguntar porque foi a mim... das piores coisas da vida, o que não desejo mesmo a ninguém é perder quem amamos de uma forma irreversível. Se me abandonasses, se não me falasses, se não quisesses saber de mim, se fosses ausente... sei lá, se tivesses todos os defeitos do mundo e estivesse vivo, eras o meu pai, e eu era mais feliz. É duro olhar os outros com uma grande família e ver-me a mim sem ti. Não estou de maneira alguma a desvalorizar o resto da minha família. Mas há pessoas insubstituíveis. Cada um tem o seu lugar. E o teu está aqui.
Tenho medo de coisas eternas, para sempre. E a morte é uma coisa tão definitiva e um mistério tão grande para todos nós (que aqui andamos), que tenho medo do que vou encontrar depois disto aqui. Tenho medo de como será a eternidade. Se as almas têm vida, quero muito reencontrar-te onde quer que estejas. O teu espaço em mim é gigante, pai! Amo-te incondicionalmente... com tudo o que foi, e o que é. Nunca estarás esquecido em mim, porque para mim és a pessoa que tem mais valor. O meu maior sonho era poder dizer-te tudo isto que sinto. E ter-te aqui comigo... a ver-me crescida, a ver como nós todos somos agora. Dava tudo, mesmo tudo para te ter aqui. E podem pensar que não é verdade. Mas este vazio que jamais pode ser preenchido magoa e dói muito. De uma maneira que não há nada a fazer. Quando temos uma dor tomamos um medicamento, e mais cedo ou mais tarde passa. A tua ausência podem passar os anos que passarem que vai estar cravada em mim até eu estar contigo de novo! Ajuda-nos pai! Parabéns, eram 49...

sexta-feira, 11 de março de 2011

vida


Gosto de me fechar do mundo, e olhar a vida como se fosse apenas visitante. Mergulhar no mar como se fosse a ultima vez. Pisar a areia quente e não gritar irritada por me queimar. Olhar de fora este mundo maravilhoso, leva-me a crer que um dia será assim! Estarei imortal neste canto a ver o que se passa. Se tenho medo que a vida me leve, me consuma e me transforme em nada? Tenho muito mais medo de ficar estática sem viver. Tudo o que amo, tenho o poder de conseguir que venha de encontro às minhas mãos frias e trémulas, pequenas, feias e quase sem unhas. Sou assim, pequena, minúscula, num mundo cheio de coisas gigantescas e fortes. Não me importo de apenas o ver ou não ser uma dessas coisas excessivas que andam por aí. Gosto da excentricidade de ser uma incógnita. Gosto de a multiplicidade que posso ter ao ser apenas eu, a Margarida. Se saio à rua e danço, se grito no meio da floresta, se corro pelo passeio cheio de gente, se me rebolo na areia, se sinto a frescura da relva? Sim, sinto. E tu? Será que sentes tudo isso? Será que vives a vida com a intensidade que ela merece? Dás-lhe a verdadeira oportunidade de ser a única e merecer respeito? É incrível ser real. É óptimo ser autêntico. É bom ser vida, prazer e nada! É bom tocar, sentir, olhar, saborear, cheirar, ouvir! Gosto da ideia de ser tudo e ser nada! Sobretudo amo o que brilha, e o que brilha é a vida no seu total esplendor! Se mudava alguma coisa? Talvez a sensação de perda ou dor. Mas será que assim teria o mesmo fervor, a mesma força ou tensão que a vida nos oferece? Será que tudo perfeito me fazia chorar abraçada, ou deitar-me exausta, ou até desfalecer apenas?

vivo de ti

Pedi que me estendesses a mão. Se pensaste que iria prever o teu futuro, enganaste-te. Se quiseste que sentisse a tua pele, estavas errado. Queria mostrar-te apenas o meu respeito caloroso pelo nosso amor. Podia dizer-te que em outra vida foste um herói, um rei, alguém notável. Preferi ficar calada, a olhar a tua mão, e pensar que esta vida é a que importa, é nesta vida que estamos cruzados. Olhei-te como se fizesse uma pintura do teu rosto surpreendido. Senti o teu perfume, e fiquei submersa no meu amor por ti. Se me perguntassem se era amor ou paixão… não sabia identificar ou descrever isto que vai dentro de mim! Que me gela e aquece! Que me surpreende e sobretudo que me faz feliz. É como uma força que quer agarrar tudo isto e prender-me aqui e agora para o resto da minha vida. Não! Não pode ser. Quero evoluir e continuar contigo. Quero que me dês a mão quando tropeço, e que elogies quando faço algo de bom! Quero que esta paixão e amor se confundam por muito tempo, e que me deite na cama contigo muitas noites. Quero dar-te a mão, beijar-te, alcançar-te com o meu olhar. Se tudo isto me vai na cabeça enquanto te dou a mão e te olho, muito mais coisas vêm inexplicáveis quando te sinto aqui. Sim! O amor é isso estranho que muitos levam como uma droga indispensável à vida humana. Se quero fugir contigo e viver numa ilha deserta, numa cabana a comer fruta das árvores? Se isso me chega? Claro que sim. Que mais se pode querer que um amor que nos faz sorrir, e nos deixa brilhar? Sinto-me como as gotas da chuva e os raios de sol – poderosa quando estás por perto. Agora, que retiras o teu olhar do horizonte e me fixas como primeiro plano, tremo como quando te beijei pela primeira vez. Os meus olhos ficam fixos no teu corpo, e a minha mão procura a tua. Se isto não fosse a felicidade, o que seria?