quarta-feira, 23 de setembro de 2009

sonhos


Tudo o que eu tenho que ninguém me pode tirar são os meus sonhos. As pessoas de quem gosto podem pregar-me rasteiras, posso chorar por perder alguém, ficar triste quando não consigo á primeira, desesperar ou enervar-me com alguma coisa. Podem passar por mim todas as sensações num minuto, saudade, amor, desgosto, desprezo, ódio, paixão, impulso! Mas há sempre algo que se mantém em mim! São os meus sonhos! Sempre me acompanham! Estão lá quando estou sozinha, e quero delinear novos horizontes… e também me seguem quando estou com quem amo, e faço planos conjuntos! Sonhos… é a única coisa que se prende a mim, como a alma ao meu corpo! Mas os sonhos, são o divagar da minha alma na felicidade!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

horizonte


Sentada no banco de trás, ela ia imóvel. Só o respirar movimentava o seu corpo, e fazia perceber que estava viva. Quem a conduzia, não olhava para trás. E mesmo assim, ela escondia o choro, e forçava a respiração para que não se notassem diferenças. Quieta, triste. Ia camuflando a dor que a invadia. Talvez um grito, ou até um pequeno suspiro, mudassem o destino, e a aliviassem. Mas, em vez disso, para não preocupar quem amava, preferia esconder o choro entre dentes, de forma a não levantar questões ou colocar problemas. Olhava fixamente pela janela o caminho que ia deixando para trás, esquecendo completamente que o reflexo era facilmente visto por quem a acompanhava. Pena que a indiferença dos seus acompanhantes não desse tempo para nem um olhar para ela. Continuava assim, presa e sozinha no seu mundo, sem qualquer apoio, sorriso ou consolo. Apenas á espera da paragem onde deveria sair. As mãos, brancas e gélidas, pousadas no colo, algumas vezes, tinham que se descruzar para limpar o rosto. Se assim não fosse, pareceria uma estátua no inverno, imóvel e desprezível.

"um vazio de mim, em dias deprimidos"


Se em bicos de pés conseguisse cheirar a essência do mundo, talvez visse mais sentido no meio que me envolve. Assim, limito-me a pensar como seria olhar á volta e ver vazio… ver branco. Ver espaços sem nada nem ninguém. Sentir-me vazia até pode ser uma constante, quer esteja sozinha ou acompanhada. Mas, viver numa página em branco deve ser frustrante. Qualquer um, a qualquer momento, poderá sentir-se uma folha sem nada escrito ou pintado. Mas, nunca se conseguirá imaginar o que é viver sem ter nada do que faz sentido. É essa irrealidade que sinto quando deprimo. Que o meu livro, não passa de um desfolhar de páginas vazias e em branco. Um passar de tempo sem nada escrito. Mas, essencialmente, sem um “fui feliz”. Tenho medo que a minha história nunca seja lembrada, e que a minha passagem por este mundo, tão com ausência de vazio, não passe de uma mentira. Ou talvez de um sonho, que de tão fantástico, acabe no auge da felicidade. Tudo isto para dizer, que sim! Tenho medo de morrer, e de deixar apenas um livro em branco. Mesmo que alguém o aproveite para escrever nessas páginas que foram o vazio da minha vida. “um vazio de mim, dias deprimidos”

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"estou apaixonada"


Quando te perco, tenho a maior vontade de virar as costas ao mundo… tenho vontade de me fechar em qualquer lado, até dizeres que sim, estás do meu lado. Sinto a tua falta como se cada segundo fosse uma eternidade… sim, estou apaixonada!

se pensar em mim...


Dei-te a mão. Quando caí, levantaste-me tu, com a tua mão. Simples e duro, como água fria que cai com pressão. Se tive saudades? Sim, tive, mesmo quando te tinha perto, sentia-te ausente. Sou como uma divorciada de mim, por acreditar em ti, e lutar contra mim própria apenas por te amar. Divorciei-me de todas as partes do meu corpo, e de todos os meus pensamentos e sonhos. Divorciei-me de mim, para me agarrar a ti. Uma ilusão, que nunca cresceu ou deu fruto. Abandonei as minhas crenças, deixes para trás os rostos que me haviam acompanhado. Não por tua culpa. Mas por minha! Porque eu… eu não soube controlar. Não soube principalmente me respeitar. Tenho pena, agora, que tudo já passou, que só veja poeira no chão. E que na terra, nem consiga ver uma flor a brotar. Se olhar o céu, aquele enorme azul que me acompanha onde quer que esteja, á hora que for… aquele que não me abandona, e que mesmo mudando está sempre lá. Se o olhar, vejo como o tempo passou rápido, e como nas minhas mãos se nota que mudei, cresci. Se nota como a minha alma transformou o meu corpo! Tenho saudades de ser criança, e de achar que tudo é como penso! Tenho saudades de mim!

liberdade pensada!


Não são só os bons momentos que constroem a nossa vida, mas devemos reduzir os maus momentos á sua insignificância! É verdade sim, que meras palavras não têm tanta força como agir. Mas são os pensamentos que nos levam a aproveitar a liberdade. Se conseguir sempre pensar, antes ou após as situações, conseguirei que a minha liberdade me proteja e satisfaça o bastante para ser feliz!

domingo, 20 de setembro de 2009

tenho medo de...


Ter medo de envelhecer é um pensamento que acompanha muita gente. Mas que, invade o meu pensamento muitas vezes! Tenho medo de crescer. De ser mais velha. De ser infeliz. De nunca encontrar a pessoa certa. De não conseguir ser ninguém. Tenho medo de deixar de ser eu, de ter os meus princípios, de pôr de lado os meus pensamentos… para simplesmente tentar ter uma vida melhor. Tenho medo de tudo! Aliás, tenho medo do amanha, que, já é futuro, já é menos um dia na minha vida, e mais um na minha experiência! Tenho medo que tudo mude e que eu deixe de ser assim… sem me lembrar ou pensar. Porque isso já aconteceu! Ao mesmo tempo, anseio pelo dia em que vou trabalhar. Pela minha casa, pelo meu primeiro carro. Espero pelo homem que me fará feliz, e pelos filhos que me dará! Pela profissão que me preencha! Enfim… no meu pensamento, viverei num castelo, e serei feliz para sempre com o meu príncipe e com os meus filhos! Pena que não seja um filme, este mundo onde vivo. Ou simplesmente um sonho! Aqui, tudo é inesperado! Não sei o que me acontecerá dentro de uma hora, quanto mais o que me acontecerá na minha vida! Tenho medo de desiludir as pessoas que gosto… mas, principalmente tenho medo de me desiludir a mim, e não conseguir o que sempre sonhei. Tenho medo que o tempo passe, e eu não viva o que tinha para viver… Mas medo medo, tenho de morrer. É por isso que tenho medo de envelhecer, de crescer. Andamos uma vida inteira a lutar pela felicidade, conforto, alegria, bem-estar, amor, sei lá. Andamos uma vida inteira a lutar por nós e por aqueles que gostamos… Para um dia sermos pó… cinza… e nada!

nascer


E foi assim que vi a criança nascer. De uma perspectiva de mãe. Se calhar completamente diferente do que aconteceu realmente. As dores eram fortes e não conseguia conter o choro. Era uma dor intensa. Tanto era felicidade como sofrimento. E sem me lembrar de mais nada, passei, de estar de pé na cozinha, a estar na cama, enorme do nosso quarto. Estava de pernas abertas e nua. Fazia tanta força que parecia que ia explodir. Mas a verdade é que aquilo era um momento nosso. Nada de enfermeiros, médicos ou hospital. Fomos nós a fazê-lo, fui eu a carregá-lo e vais ser tu a trazê-lo ao mundo. A força é de desespero! Mas a vontade de fazer surgir a criança é enorme e inexplicável, e disseste que ver o bebé a nascer da vagina é o acto mais puro e natural! Tão ternurento que só pode ser um momento em família. Foi amor. O que aconteceu nesta cama, exactamente onde estou a ter o bebé, foi o que o fez surgir. Não foi com dor, com lágrimas. Também não foi sexo. Foi simplesmente sentimento puro como o deste momento, passado nove meses. Não sei o seu sexo, sei o que o originou, sei porque veio e basta. Porque é assim que o amo! Como filho. Como prova. Como fruto do nosso amor. E se choro, se te aperto a mão agora é de felicidade, porque chegou! Nasceu…