terça-feira, 22 de setembro de 2009

horizonte


Sentada no banco de trás, ela ia imóvel. Só o respirar movimentava o seu corpo, e fazia perceber que estava viva. Quem a conduzia, não olhava para trás. E mesmo assim, ela escondia o choro, e forçava a respiração para que não se notassem diferenças. Quieta, triste. Ia camuflando a dor que a invadia. Talvez um grito, ou até um pequeno suspiro, mudassem o destino, e a aliviassem. Mas, em vez disso, para não preocupar quem amava, preferia esconder o choro entre dentes, de forma a não levantar questões ou colocar problemas. Olhava fixamente pela janela o caminho que ia deixando para trás, esquecendo completamente que o reflexo era facilmente visto por quem a acompanhava. Pena que a indiferença dos seus acompanhantes não desse tempo para nem um olhar para ela. Continuava assim, presa e sozinha no seu mundo, sem qualquer apoio, sorriso ou consolo. Apenas á espera da paragem onde deveria sair. As mãos, brancas e gélidas, pousadas no colo, algumas vezes, tinham que se descruzar para limpar o rosto. Se assim não fosse, pareceria uma estátua no inverno, imóvel e desprezível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário