quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

AMOR


Beija-me como se tivesse estado escondida de ti muito tempo. Abraça-me! Sinto a tua falta, ainda que estejas tão presente. É importante sentir-te… a tua pele, os teus ossos. Sentir que és real, que estás vivo… que estás comigo. Se te pedisse para agarrares a minha mão enquanto dormimos com certeza que não me negavas… mas se achasses que poderia ser muito possessiva deixavas-me pelo caminho? Gosto de saber que é real. Ainda que muitas vezes viva num mundo à parte, onde reina a minha imaginação, gosto de saber que existes e que me queres. É estranha esta motivação que faz o homem viver e a que chamam amor. Mas permite-me sentir algo incrível dentro de mim, como se fosse fogo e gelo, como se fossem opostos que se complementariam de forma igual. Mais que por ti, sou apaixonada pelo amor, pelo sentimento que floresce dentro de mim e me torna tão feliz. Pela ocupação mental e física que tenho apenas por ter esta sensação. Tudo o que somos é amor. Mesmo que pessoas o tentem evitar ou mudar, beijar é uma das formas mais tenras e verdadeiras de amar. Porque todos os animais querem, desejam, sentem… porque o homem haveria de ser excepção?
E se tivesse nascido um dia depois do que nasci? Ou se fosse apenas uma hora depois? Se tivesse saído na figura ao meu pai e no feitio à minha mãe? Se tivesse olhos azuis ou cabelo preto? Se quando era criança começasse a andar um dia depois, ou se rachasse a cabeça no ano seguinte? Se não tivesse ido para a escola? Se não tivesse tido pais ou nascesse em outra família? Se nascesse no ano seguinte tinha a mesma figura que tenho? Se não tivesse ficado sem pai? Se nunca tivesse tido amigos ou namorados? Se não soubesse amar? Ou se nunca tivesse recebido amor de alguém? Se ao ir para a escola fosse a pé em vez de transportes? Se hoje de manha tivesse desligado o despertador? E se não trabalhasse? Se eu não visse televisão será que gostava de escrever? Se tivesse medo de água? Se não tivesse medo de cães? Se não gostasse de me rir e estivesse sempre mal disposta? E se nunca tivesse tido telemóvel? Se nascesse em outra geração? Se nunca tivesse provado chocolate? Se em pequena nunca tivesse comido papa? Se num dos muitos dias que fui à escola tivesse faltado? Se fosse atropelada? Se não gostasse de luz? Se não gostasse de estar com as pessoas que amo? Se não fosse feliz? E se soubesse ser ainda mais feliz? Se nunca tivesse cheirado a relva ou ido à praia? Se nunca tivesse pegado numa caixa pesada? Se nunca tivesse chorado por amor? Se nunca tivesse ficado no carro quando chovia torrencialmente? Se não gostasse de beijar ou abraçar? E se conseguisse voltar atrás no tempo… voltava? E se vivesse de memórias, era feliz? E se gostasse de tacão alto em vez de sapatilhas, era a mesma pessoa? E se no dia que perdi o B.I. tivesse perdido a pessoa que amava, tinha sido a mesma coisa? E se me roubassem a roupa, gritava? E se me magoasse, ficava quieta à espera que passasse? E se não tivesse computador, gostaria na mesma de escrever à mão? Se me tivessem dado outro nome, a minha personalidade seria igual? Se tivesse outros gostos teria os mesmos amigos? Se tivesse outra personalidade ria me tanto? Se nascesse em outro corpo? E se em vez de lavar os copos com esponja lavasse com um pano? Se torcesse o pé cada vez que ando em paralelo? Se não tivesse que fechar as gavetas sempre que as abro? Se não fosse perfeccionista? Se não tivesse esta educação?..... se… se… se… e se nunca tivesse nascido?

e se...

É impressionante e ao mesmo tempo maravilhoso a influencia que cada um de nós tem na vida dos outros. Não que seja negativo ou mau… é sempre bom ter pessoas que nos amam por perto. Mas como viver é um problema constante sem solução, vamo-nos moldando às situações, às pessoas, e até vamos aprendendo a lidar connosco próprios. Involuntariamente temos interferência directa na vida de quem gostamos, ou de pelo menos quem está por perto. E ainda que queiramos o melhor para as pessoas que nos são queridas, nem sempre é o que acontece. Infelizmente não temos o poder de comandar o nosso próprio filme, somos apenas actores que se tentam integrar na sociedade, muitas vezes omitindo os seus desejos em detrimento do que é melhor. O que é melhor muitas vezes é relativo, e entre umas pessoas e outras vai variando, não dando a certeza completa a ninguém sobre o que está bem. É difícil viver. Mais difícil é querer o melhor para quem amamos, e sem a nossa interferência ou ainda que possamos interferir mas sem intenção, prejudicar essas pessoas. É muito complicado viver com a nossa tristeza, mas pior é viver com a angústia de quem amamos não podendo fazer nada.
Perder as pessoas de que gostamos é sem dúvida a forma mais dura de entender a vida. É complicado combater os sentimentos de impotência e de saudade quando nada podemos fazer em relação a algo ou alguém. Se pudesse mudar a minha vida, só mudava uma coisa… tendo essa coisa influência em todo o meu futuro, e mudando drasticamente a pessoa que sou, e que passaria a ser. Na minha opinião tudo que aconteceu ou que evitei que acontecesse, tudo o que fugi, mudei… enfim, tudo, contribuiu para a pessoa que sou. Mudando quer fosse um pormenor ou algo com uma grande dimensão iria fazer de mim alguém completamente diferente. Imagino como seria… sonho acordada com isso! A única maneira que tenho de ser completamente realizada… sonhar.
Involuntariamente todos mudamos a vida de todos. Todos nos influenciamos. Todos somos iguais e todos teremos o mesmo destino. Todos percorremos caminhos diferentes, mas que têm razão de ser para cada um de todos. Todos somos impotentes no que toca a mudar algo fulcral na nossa vida e na de quem gostamos, mas muitas vezes somos responsáveis por mudar pequenos pormenores que terão mais intensidade do que tudo.
Efeito borboleta: segundo a cultura popular significa que o simples bater de asas de uma borboleta, pode influenciar o curso natural das coisas, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo.