terça-feira, 7 de julho de 2009

Quero-te perto de mim!



Fiquei surpreendida pelos caminhos que a cabeça pode tomar. Pensar em coisas tão estranhas, que até me assustam! A eutanásia. Se há coisa de que tenho medo é da vida! Por isso é que se costuma dizer que o limite de tudo, ou seja, só não há solução para a morte! Nascemos para morrer. Essa é a verdade… o que estou a fazer na Terra, é só uma passagem! O que assusta, é que não sei quando é o “gameover” do meu jogo! Devemos viver com cuidado? Para mim devemos viver tudo aquilo que na hora da morte, nos vai vir á cabeça, como erro, ou como felicidade, mas que vem! Tudo o que nos volta á cabeça depois de algum tempo de ser vivido, é porque foi realmente importante! Quer tenha trazido estragos ou alegrias. Morremos… e depois? Depois da morte? O que vem?! Saber que perdemos alguém que gostávamos muito… e onde está agora? Será que me protege do céu como todos acreditamos… ou que simplesmente desapareceu, e tornou-se cinza na vida como no espírito? A morte é um grande tabu para mim! Na verdade já perdi tudo o que tinha para perder. E, se calhar não me devia assustar tanto morrer. Mas, a verdade é que assusta… aliás, o “para sempre” faz-me confusão! Muita, aliás.
Quanto á eutanásia… há muitas opiniões, e cada pessoa se fundamenta e baseia, segundo valores e crenças suas. Não sei se foi da minha educação, da maneira como me falaram do assunto, ou do que fui ouvindo! Uma noite, quando era pequena, tinha para aí dez anos; o meu pai estava a ver um filme sobre o assunto. Eu, na altura não tinha capacidade nem maturidade para interpretar aquilo tal qual se passava. Mas, o meu pai, simplificou-me aquilo, para que até eu, com dez anos, percebesse. “Está uma senhora muito doente na cama. E ela vai acabar por morrer. Ela está a sofrer muito. E a fazer sofrer as pessoas que gostam dela. Ela só se quer libertar de tudo. Porque a dor que ela sente, é muito intensa, e já lhe tirou todas as forças e esperanças de viver”. Realmente, a senhora do filme só chorava. E, o que a fazia viver era uma máquina. Se, a senhora estava tão mal porque não podia ser ela a decidir o seu futuro? Já que não tem hipóteses? Ponho-me no papel da senhora, e realmente queria mesmo morrer. Não queria fazer chorar aqueles que gosto, e obrigá-los a ver a minha imagem tão decadente… se calhar, tão diferente do que fui. Queria que se lembrassem de mim, como eu um dia tinha sido. Mas e no papel de familiar? No papel de familiar seria muito egoísta. A verdade é que morrer, é tão definitivo. Tão sem volta. Para a morte não há solução, e isso arrepia-me. Será que preferia ter uma pessoa a sofrer, mas viva comigo, mesmo que por uma máquina? Ou morta, mas ao menos a morrer descansada, como alívio de um sofrimento tão contínuo e forte? Como familiar, não gostava de ser a responsável por perder alguém querido. Sei que é egoísta. Mas se me dessem a escolher, preferia ter as pessoas vivas, mesmo que dependentes de mim! Perder alguém pela morte, é o que se pode sentir de mais esquisito. O que nos faz sentir mais impotentes, mais estranhos. Saber, que a pessoa com que convivíamos todos os dias. No pequeno-almoço, que nos levava á escola, que nos ligava a saber onde estamos, que nos comprava coisas, que nos dava um beijo de boa noite. Perder isso, é perder parte de nós! Perder alguém, é o mais estranho que já senti. É uma sensação única de vazio, que nunca poderá ser preenchido! O que me assusta, é se realmente há outro mundo, para eu puder encontrar todos os que perdi, e ser feliz, aí na eternidade! As saudades doem e moem por dentro. Saber, que ontem te tinha, e que quando estava a chorar, me beijaste a testa e disseste “calma filha, eu estou aqui”. E hoje? Hoje não estás. Não está o teu beijo, não está o teu carinho. Não está a tua mão. O pior… não estás tu! Sinto a tua falta. Na verdade, quando me olho no espelho, sei que sou uma parte de ti! Metade do que sou, é o que tu foste! O que és. Amo-te aqui, hoje, e para sempre. Onde quer que eu vá, onde quer que eu esteja, estás em mim, nos meus olhos, nos meus órgãos, na minha boca, na minha pele… em mim! Eu sou parte de ti. E isso, deixar-te-á viver mesmo quando já não estás aqui. Acima de tudo, estás na minha cabeça e no meu coração! Eu sou tu!
A morte é o tema que põe toda a gente triste. Sem resposta. E se morresse agora? Ficava tudo dito? Tinhas tido as mesmas atitudes que tiveste até agora? Sentias a minha falta? E se eu soubesse que ia morrer? O que faria? E se estivesse tudo bem, e no regresso a casa, um carro despistado me atropelasse e eu tivesse morte imediata? A morte destrói tudo o que penso em construir. A minha cabeça está cheia de informação! Mas quando vem a palavra morte, fico vazia! Porque na verdade, para mim, morte é vazio! É nada. Morte é destruição! É a destruição de tudo aquilo que tínhamos construído! É como que eu passasse toda a minha vida a recolher pedras para construir um castelo. E no dia que consegui a ultima pedra para terminar o castelo, chego ao sítio onde o estava a construir, e ele não está lá. Viver, é uma construção contínua. Que se faz com o que se aprende todos os dias. A morte, é a rasteira da vida.
Quanto á eutanásia. Será que o homem tem o direito de tirar a vida quando está a sofrer? Ou considerar-se-á cobardia? A minha opinião varia conforme a situação. Sempre baseada em egoísmo. Se sou a personagem principal, opto pelo meu bem estar… como se for secundária, também opto pelo melhor para mim! Quando estou de fora, digo simplesmente que concordo. Mas, se eu não disse que queria nascer, terei eu direito de escolher a minha morte? Ou a morte deverá ser inesperada tal e qual o nascimento?

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