quinta-feira, 27 de novembro de 2014

papagaio


“Mais alto que as nuvens!” gritava eu do outro lado da linha. Queria conseguir que o meu papagaio verde e laranja atravessasse o mundo. Não só queria que chegasse ao céu, mas que conhecesse o universo, que voasse sem pedir autorização, e, sobretudo, sem depender do fio que segurava suavemente com a mão esquerda. 
O vento puxava-o cada vez para mais longe... e eu deixava-o ir. Como se fosse um ser vivo qualquer que sentia necessidade de chegar sempre mais longe. 
Talvez o papagaio fosse um desabafo da minha alma, uma reprodução da minha mente sobre os meus verdadeiros sonhos e ambições. Queria que nada fosse controlado e tudo fosse possível. Sem depender do mundo, sem depender dos outros, sem depender de materiais! Simplesmente era tudo concretizável, todas as magias e fantasias que nos recebiam à noite, tornavam-se apenas numa realidade colorida e divertida. Sem questões. Sem entraves. Somente felicidade. 
Projetava no papagaio todas essas dúvidas e medos, bem como todas as alegrias que me deixavam descolar os pés do chão e viajar pelo desconhecido. Um simples pedaço de papel devolvia-me todo o sentido de estar vivo... somente por se deixar levar pelo vento... E tu? Deixas-te levar?

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